quarta-feira, 18 de junho de 2008

Os dois Grandes, nas palavras de Ramalho Ortigão

"Pelo conjunto total das exuberâncias e das deficiências da sua natureza de escritor, pelas suas qualidades e pelos seus defeitos, pelo seu temperamento, pela sua educação, pela sua obra, que é a imagem da sua vida, o nome de Camilo-Castelo Branco representará para sempre na história da literatura pátria o mais vivo, o mais característico, o mais glorioso documento da actividade artística peculiar da nossa raça, porque ele é, sem dúvida alguma, entre os escritores do nosso século, o mais genuinamente peninsular, o mais tipicamente português"


"Superiormente instruído, versado em todas as coisas do espírito, equilibrado por uma alta cultura, de que ainda ninguém deu fé porque ele se empenha em ocultá-la sob uma superficialidade de "clubman", por um fino requinte de mundanismo e de bom-tom, Eça de Queiroz reúne todas as capacidades de inteligência ao incomparável poder de expressão literária e de análise psicológica, que fez dele no mundo um dos primeiros romancistasdo século."

12 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Mas, Cristina, nos nossos dias o Camilo não é visto com bons olhos. O francesismo do Eça parece agradar mais. É a sina nacional...

Cristina Ribeiro disse...

Escritas diferentes, Nuno, que não se excluem na grandiosidade.
E não penso que Camilo seja assim visto: as conversas que tenho tido vão até no sentido contrário...

Luísa A. disse...

Querida Cristina, entre os dois, e na minha modestíssima qualidade de leitora, talvez goste mais do Camilo, embora o Eça tenha escrito o que é, para mim, o melhor romance da nossa literatura. Mas a minha reserva em relação a este último deve-se, precisamente, ao que diz o Nuno, a um certo snobismo…

Cristina Ribeiro disse...

Pois posiciono-me face às duas escritas mesmo assim, Luísa.
Gosto da de Eça, vejo em vários dos seus romances, e noutras obras, as qualidades referidas por Ramalho Ortigão, mas prefiro-lhe Camilo- nele reconheço esse "tipicamente português".

Anónimo disse...

Gosto dos dois, mas prefiro Eça, apesar do snobismo

Cristina Ribeiro disse...

Também gosto dos dois, Minucha, mas na ordem inversa :)

fugidia disse...

Bom, eu gosto dos dois.
Mas muito mais do Eça, depois de ler os Contos.
:-)

Cristina Ribeiro disse...

Fugidia, é consensual,e essa era também a opinião d"a Ramalhal Figura": eram os dois Grandes :)

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
a Maria Filomena Mónica diz, com algum valor ilustrativo, que Ramalho era admirador de Camilo e amigo de Eça.
Duas escritas fabulosas. Se a de Eça hoje agrada mais, não creio que seja pelo estilo, porque Camilo também duspunha de ironia cativante, mas porque a realidade que genialmente tratou permanece reconhecível hoje, em qualquer espaço, enquanto que a acção da não menos genial obra camiliana se desenrolava com recurso a personagens mais localizados nos pequenos defeitos, embora não nas motivações fundamentais.
Beijo

Cristina Ribeiro disse...

Pois!
Beijo, Paulo

Anónimo disse...

Cristina, sei que não é novidade para si... Eça, apesar de tudo e sobretudo. :)
E mais não digo por sabê-la admiradora de Camilo. :) :)

Cristina Ribeiro disse...

Mas também sou admiradora de Eça, Mike!
Admito porém que aquele é o "primus inter pares" :)