terça-feira, 3 de junho de 2008

Sabedoria de Avó

Quando li o post do Paulo, sobre os bons efeitos do vinho tinto, lembrei uma velha teoria da minha avó materna, já referida na caixa de comentários do «Afinidades»:
Quando estava na escola primária, aproveitava para, durante o recreio, matar a sede na casa dessa avó, que morava mesmo ao lado da Escola; sempre que lhe pedia um copo de água, ela dizia: -" não bebas água que faz mal; vai antes ao pipo...", e quando eu lhe respondia que lá em casa já me tinham alertado para os perigos de beber vinho em tão tenra idade, ela dava meia-volta e murmurava: -"modernices! "...

36 comentários:

Anónimo disse...

E em que é que ficámos, Cristina? Nas modernices ou em idas ao pipo? (risos)
Eu normalmente não bebo água... são muito raras as vezes. Também... o nosso corpo já não é 70% água? Então há que equilibrá-lo com vinho (tinto), Coca Cola (muita), cerveja (alguma) e por aí fora... :)

Cristina Ribeiro disse...

Mike, desde que atingi a idade permissiva, comecei a seguir os conselhos sábios da avó, com evidente queda para um maduro tinto :)- questões de " maturidade" :)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

numa aldeia no Douro onde a minha mãe deu aulas,metade das crianças chegavam à escola "esquinadas". Quando ela se apercebeu, começou a campanha esclarecedora que de manhã deveriam beber leite,etc. Depressa correu o boato que a "professora era tão má que até tirava o vinho à canalhinha" :-)

Cristina Ribeiro disse...

Era mesmo o normal, nos tempos em que os nossos pais eram crianças, Júlia, e aqui nas aldeias não vêem que mal lhes possa fazer: se não lhes fez mal a eles... :)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

mas no Douro era grave Cristina...muito grave mesmo.

Esqueci dizer: as argolas que eu trago todos os dias e só tiro em dias de festa formal, são iguais às da sua avó,acho. :-)

beijinho

cristina ribeiro disse...

Ah! Por cá vai-se vendo miúdos a beber mas "só em dias de festa", dizem os pais :)
Júlia, é um dos mistérios no seio da família: onde param essas arrecadas...; alguma empregada?
Beijinho

Anónimo disse...

Uma senhora do Minho que prefere o maduro ao verde... muito me conta, D. Cristina... :)
Confissão: não sou fã de verde. ;)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

eu tamb�m n�o gosto de vinho verde e faz-me mal...

cristina ribeiro disse...

Nem "cheirá-lo, Mike :)


Também não gosto, Júlia- é muito ácido.

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

as arrecadas? São a minha marca, nunca as tiro das orelhas, só em festas mais formais eu coloco brincos.

Naquela época, Cristina, a minha mãe tinha uma classe de 47 alunos e mais de metade eram filhos de alcoolicos. O pequeno almoço deles era um copo de vinho ou água-pé. Ficavam-se todos a dormir na sala de aula. Alguns já tinham nascido com dem~encia alcoolica.Enfim...teria muito a dizer sobre isso,mas torna-se extenso para uma cx de comentários.

Cristina Ribeiro disse...

Eu não uso brincos, mas, Júlia ainda vou comprar umas- gosto.

Faça um post ; é um bom tema...

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

os meus posts ocorrem por impulsos e estados de alma, para os quais tambem contribui grandemente a preguiça.

já as uso há muitos anos e já as empretei para copiar várias vezes. claro que agora há muitas iguais.

eu gosto muito de brincos, não consigo andar sem nada nas orelhas.

Cristina Ribeiro disse...

Comigo passa-se uma coisa engraçada: gosto de os ver nas outras, tenho muitos e até. de quando em vez, ponho brincos- mas acabo por me cansar deles...
Vou experimentar com as arrecadas, e depois lhe direi :)

Luísa A. disse...

Minha querida Cristina, lembro-me de ouvir falar, à minha família nortenha, desses fenómenos de que a Júlia nos dá conta. Creio que havia a ideia de que o vinho, em «sopinhas de cavalo cansado», dava energia e saúde. Mas sendo um gosto que depressa se adquire e interioriza, é melhor que se remeta para as idades maduras, em que a energia e a saúde começam, realmente, a periclitar. :-)

Anónimo disse...

Eu, levando bonés e recusando-me a ir ao Google, pergunto que raio são essas arrecadas de que as senhoras do norte tanto falam... E aceito arrecadar uma explicação simples. :)

Cristina Ribeiro disse...

Luísa, não sei muito bem como se passam as coisa agora, mas essas tais «sopinhas» eram muito usuais até há bem pouco tempo, mas também tenho a ideia de que os efeitos maléficos do álcool em menores estão agora mais disseminados, com a proliferação de shots; não é nada raro ver miúdas bêbadas nas «Nicolinas», uma festa dos estudantes da região, coisa que é inédita...

Cristina Ribeiro disse...

Mike, arrecadas são essas lindas argolas que estão nas orelhas da minha avó, e que, já decidi, vou comprar :)

Anónimo disse...

Agradecido. E se são jóias não devia fazê-lo. As senhoras não compram jóias, apenas as escolhem... :)

Anónimo disse...

A minha Avó fazia-me gemadas com uma gotas de vinho tinto.
Dizia ela que deveria ser do Porto se fosse mais velha, como era pequenina, que o vinho tinto é que fazia bem.
sorriso

O princípio era o mesmo.
Ah! as "sopinhas de cavalo cansado", deveriam existir por todo o país. nas aldeias em redor de Leiria, também eram usuais.

Também uso arrecadas, compradas por mim, em 1970 no Minho. Adoro-as

beijinho

Cristina Ribeiro disse...

Ui, Minucha! essas gemadas com vinho do Porto são deliciosas:); e as arrecadas penso comprá-las já na Sexta-feira, quando for à cidade :)

Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

já não lembrava das sopas de cavalo cansado!

O máximo!:-)

Cristina Ribeiro disse...

Ó Mike, se não as compro fico a ver navios :)

Cristina Ribeiro disse...

E as gemadas de que fala a Minucha? Se nunca experimentou, Júlia, faça-o e depois me dirá :)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

já lá tenho a anedota que falei no Afinidades, quando puderem vão ler.

agora deu-me para isto .-))

Cristina Ribeiro disse...

Já fui ver, Júlia, e ri-me :)

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
grande Avó! Isso é qie é uma noção de equilíbrio, como diz o Mike. Devo dizer que uma das maiores reservas que faço a Mussolini reside na campanha infame que ele promoveu, para que os Italianos bebessem menos vinho, passando a ingerir mais leite, para se aproximarem dos desempenhos dos Nírdicos!!!
Eu gosto de um bom vinho verde (branco), no Verão, com um peixinho. Mas como diz um Querido Amigo de Vila Verde, aquilo sabe bem mas não é vinho, é refresco. O maduro tinto é que me enche as medidas.
Beijo

cristina ribeiro disse...

Paulo, um maduro tinto, antes de todos, um bom maduro branco (como o Pêra-Manca), em certas circunstâncias, e um vinho que temos em Valença do Minho, que tem misturado um pouco de alvarinho- como que amadurando o néctar- são para mim as escolhas...
Beijo

Tiago Laranjeiro disse...

A Cristina a referir-se às Nicolinas e aos adolescentes bêbados na noite de Pinheiro... É a única noite em que pais e filhos andam, lado a lado, igualmente bebidos, a confraternizar. Ah... Faltam menos de seis meses...


Quanto às sopinhas, penso só ter ouvido falar das de burro cansado. Ao que me dizem, fazem maravilhas ao espírito. Infelizmente, nunca provei, mas dizem-me que na Adega dos Caquinhos a fazem deliciosa. Qualquer dia ainda hei-de ir lá às sopinhas, da D. Augusta.

Tiago Laranjeiro disse...

Quanto a vinhos, também prefiro um maduro tinto, mas não digo que não a um tinto carrascão, desde que não excessivamente ácido, servido numa tradicional malga...

E temos verdes brancos fantásticos... Provei há uns tempos um produzido por um amigo meu lá para os lados da Cristina, em S. Cláudio do Barco, da casta loureiro... Maravilhas que opera aquele vinho!

cristina ribeiro disse...

Tiago, o Verde não me "cai" bem no estômago, a não ser quando é amaciado pelo Alvarinho...

Claro que «Pinheiro» sem um vinho para nos aquecer naquela noite, que se quer fria, não tem piada; mas penso que se tem caído no exagero, e não é raro vermos miúdos a cair de bêbados pelas esquinas...

Tiago Laranjeiro disse...

Claro, Cristina. Quem cai em exagero são os mesmos que, aos fins-de-semana, motivados por um qualquer jantar de aniversário, também andam aos tombos pelo Centro Histórico. Apenas, na noite do Pinheiro, a animação é maior que em qualquer jantar de aniversário, e todos os jovens do concelho jantam fora. Isto para já não contarmos com os "velhos", que também não se poupam nessa noite...

Ai ai... [suspiro]

cristina ribeiro disse...

É uma noite especial :)

PSB disse...

Cristina
Como em tudo na vida, os excessos é que dão cabo de tudo. Obviamente que o velho hábito fora dos grandes centros de dar a beber vinho a crianças novinhas não era(é)o mais saudável, convenhamos, porque afecta o normal desenvolvimento do seu crescimento.
Mas quem resiste a um bom tinto? Brancos não me atraem, a não ser um bom branco velho, dos que têm corpo para envelhecer e nos dão alma quando bebidos. Novos, são sumos de fruta... E verdes, só tintos. Bebidos nas malgas de loiça, a deixarem a boca roxa. E no seu sítio, a acompanharem um bom prato minhoto.
A propósito: quando é essa famosa noite do Pinheiro? (Natal?)

cristina ribeiro disse...

Pedro, eu prefiro também o Maduro Tinto, mas- principalmente no Verão, e a acompanhar um peixe grelhado, não digo não a um Chardonnay ou a um Pêra-Manca ...

A noite do Pinheiro, que acontece no dia 29 de Novembro, é o ponto de partida para uma série de festas estudantis, aqui em Guimarães: as «Nicolinas»- nesta noite as várias gerações de estudantes confraternizam, e é bonito de se ver um antigo estudante de sessenta anos a partilhar um tambor com um de dezoito.

É como diz: a festa pode ser estragada pelos excessos...

Tiago Laranjeiro disse...

"É como diz: a festa pode ser estragada pelos excessos..."

Mas, por outro lado, que seria da juventude sem a sua dose de excesso? O que seria da vida sem o exagero esporádico?

Não sei se a Cristina já conhece, mas senão, talvez goste deste blogue, de uns amigos de Guimarães, o S. Nicolau.

ana v. disse...

Bem, já vejo que aqui se fala de vinhos... é a minha bebida de eleição. Troco todas as outras bebidas (embora goste de algumas) por um bom vinho, cada vez mais. E há vinhos para todas as ocasiões, embora a minha escolha também vá, quase sempre, para um bom tinto maduro.

Meus amigos, desculpem meter a colherada neste assunto, mas... as "sopas de cavalo cansado" destinavam-se a enganar a fome e o frio de crianças pobres, e eram um relexo da miséria em que elas viviam. Ainda bem que desapareceu (quase) esse triste hábito, que revela também uma grande ignorância sobre o que faz bem ao desenvolvimento das crianças. É muito bom sinal que já não se lhes dê vinho...