terça-feira, 10 de junho de 2008
Postais antigos- Visita à casa de São Miguel de Seide
"A respeito do último discurso de Calisto Elói, as gazetas governamentais estamparam que a sala de representação nacional nunca tinha sido testemunha de insolências de tamanha rudeza e tão audaciosa ignorância". ( «A Queda de um Anjo» de Camilo Castelo Branco)
Era muito pequena quando meu pai me levou a casa de Camilo.
Dessa visita guardo uma memória muito esbatida, tendo-me ficado na retina aquela cadeira de baloiço, muito provavelmente porque fiquei impressionada quando o guia disse que terá sido aí que o escritor se suicidou.
Cresci a ouvir falar nele com grande admiração: o seu busto estava num lugar de destaque, junto da Camiliana. Quando, timidamente, e com relativa desconfiança, me aventurei na sua obra, confesso que não fiquei logo cativada.
O encantamento viria mais tarde com «A Queda de Um Anjo», primeiro, e «Eusébio Macário» e «A Corja», depois: a escrita escorreita, a riqueza do vocabulário, e a fina ironia iriam fazer com que, de quando em quando, voltasse a eles, nem que seja para ler um trecho ou outro...
*Casa de Camilo em 1944, fotografia oferecida pelo Nuno Castelo Branco.
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6 comentários:
Querida Cristina, também tenho, como a Cristina, um verdadeiro «encantamento» pelo Camilo, e pelas razões que aponta. E também foi uma descoberta tardia. Estranhamente, ler Camilo deu-me muitas vezes a sensação de estar ouvindo um velho avô contar-me histórias. :-)
P.S.: Custa-me imaginar como possa um suicídio fazer-se numa cadeira de baloiço.
É isso: um bom contador de histórias, que sabe tão bem transformar em palavras escritas...
Querida Cristina,
também foi pelo CEBB que me iniciei no gosto de Camilo e o díptico de que fala são, dos que já li, os que coloco acima de todos. Perfeita sintonia!
Beijo
Afinidades, efectivamente :)
Beijo, Paulo
Sempre a "postou", Cristina. Vou ver se arranjo outras. Bjs
Claro, Nuno; a intenção não era essa?
Beijo grato
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