Que Stendhal confessasse haver escrito um dos seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará, é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal"...
Inicia assim o primeiro livro que li de Machado de Assis, «Memórias Póstumas de Brás Cubas»; seguiu-se «Quincas Borba», e, muito recentemente, «Memorial de Aires».
Sobre o escritor brasileiro escreveu José Osório de Oliveira: "Foi um autodidacta, que se formou na Biblioteca do Gabinete Português de Leitura(...), viveu sempre longe dos grandes centros de civilização literária, prodigalizou-se em colaborações jornalísticas, e, já na fase de maturidade, passou a ser, e ainda hoje é, o mais original escritor do seu país, tendo a sua obra sido marcada pela quase ferina análise da alma humana".
Autor de vários títulos, universalmente reconhecidos, como atestam as numerosas traduções das suas obras mais representativas, "por dois factos, além daquele primordial, que é a pureza da linguagem, está Machado de Assis indissoluvelmente ligado à literatura portuguesa: a influência que sofreu de Garrett, do qual colheu a lição de sobriedade, clareza e ática elegância, e a que, como crítico, exerceu sobre Eça de Queirós, pois que, moralista, e com uma, embora contida, concepção dramática da vida, ao analisar «O Crime do Padre Amaro», apontou-lhe como grande defeito, o facto de parecer comprazer-se na pintura de um caso de amoralidade".
Esta crítica terá calado fundo no espírito do escritor português...
segunda-feira, 7 de julho de 2008
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5 comentários:
Um dia destes, Cristina, vou fazer um postal sobre as crónicas de Machado, que também são muito boas.
Beijinho
Beijo, digo. Estive a ler um livro sobre diminutivos e fiquei contagiado.
Espero esse postal muito, até porque não conheço as crónicas desse escritor, a que vou voltar logo que possa, pois que este, especialmente, já me está a merecer que a ele torne.
Beijo, Paulo
Cristina. Já que estás nos romances, te indico o Dom Casmurro. Assim ingressarás na maior das celeumas da literatura brasileira: um caso de traição que até hoje rende discussões apaixonadoas!!!
E vivas ao bruxo do Cosme Velho!!
abç
Ai è? Tenho então que me pôr a caminho...
Obrigada pela dica.
Beijinho, Marília
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