Há já muito tempo que não vou à Brasileira de Braga. Quando lá estou, vou a um dos cafés perto de casa, ou, quando no Centro, ao Vianna, onde posso tomar, também, um bom sumo de laranja.
Mas muitas foram as vezes que lá me encontrei com amigos, para, principalmente nas noites de Verão, actualizarmos o que ficara por dizer: isto vem a propósito do telefonema que recebi há bocado de uma amiga, encarregada de reunir as hostes para que no fim-de-semana todos acudam ao chamado.
E pensei na falta que faz nos dias de hoje aquela tertúlia, animada por espíritos superiores, de que tenho notícia nos livros que vou lendo, nas histórias que vou ouvindo; e lembro aquele passo de Steiner que diz ser a Europa «feita de cafetarias, de cafés (que) vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa»...
quarta-feira, 23 de julho de 2008
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29 comentários:
Agora é a net, Cristina!, no que ela tem de bom convívio :-)
antigamente era nos templos, assim vamos mudando os locais de encontro e de tertúlias. E em Paris, Cristina? uma maravilha, se aqueles cafés falassem!
beijinho
É, Fugidia, mas a virtualidade da coisa retira-lhe muito do sumo...
Paris, Viena, Lisboa, Praga, Braga...
Como diz George Steiner, Júlia: uma instituição europeia...
Beijinho
Curioso o seu post, Cristina. Fiquei a pensar em como, nas mais pequenas coisas, se podem manifestar as diferenças culturais. Neste caso Europa e África, onde cresci, e onde o hábito mundano de frequentar os cafés era quase inexistente. :)
Hoje continuo sem ter o hábito de os frequentar, mas reconheço bem o que a Júlia diz quando se refere a Paris. Já em Londres é diferente... curioso... :)
Pois, Mike: o princípio é o mesmo, mas com adaptações: em Londres, quando entrei num pub,à tarde quase encontrei a atmosfera de um café; à noite já foi diferente, com mais barulho, talvez porque era outra a gente que o enchia :)
Entendo o que quer dizer, Cristina. Eu que vivi em Londres durante um ano. Mas nunca é o mesmo que um café, tal como o conhecemos, pois não? :)
É, Mike, falta aquele "quase", mesmo à tarde...
Mas lá pude ler um livro, como faço aqui num café- só que em vez de ter o néctar negro à frente, tinha uma cerveja :)
P.S. Mike, dei comigo a pensar que "quase" podemos manter uma conversa como num café, assim, e gostei da ideia :)
Pois... mas era mesmo isto que eu dizia, querida Cristina :-p
Eu já mantive "conversas" no esconderijo, na caixinha de comentários.
E faço-o através de mail :-)
Não falando, claro está, no msn...
Tenho amigo/a/s que moram longe, longe e é tão bom senti-lo/a/s perto, perto...
:-)
Beijinho :-)
Mas falta-lhe o sumo, como disse a Cristina. ;)
Pensando melhor, dispenso o sumo, pode ser mesmo uma cerveja se estiver estupidamente gelada. (risos)
Olha, querem ver que na Nefelibata também se desconversa... (muitos risos)
Que sumo, Mister?
A esta hora, sumo de laranja faz muito mal; pior que coca-cola ao pequeno-almoço... muito pior!
:-p
Querida Fugidia, assim já é muito bom, mas falta o contacto pessoal- é esse o "sumo" -; o "quase", de que falava ao Mike :)
Isso são histórias mal contadas, Fugidia. Daquelas que vão passando de geração para geração. Uma tia-avó minha, trasmontana de gema, bebia um sumo e comia uma laranja todos os dias antes de se deitar. Morreu com 100 anos e dizia-se que tinha 101. :)
Se o mantermo-nos ligados passar pela desconversa, Mike, desconversemos :)
Hum... excepção que confirma a regra, Mister! (risos)
Querida Cristina, nada tem comparação com o estar ao lado, ouvir a voz, ver os olhos, a postura, beber a cervejinha ou o sumo... mas em não se tendo isso, a net é um meio muito bom para (des)conversar!
:-)))
Claro que sim, Fugidia: por isso é que me sinto tão acompanhada neste suporte. Como disse ao Mike há dias, quando ele nos "acusou" de nostálgicas, aquando da saída do Paulo, aqui também se criam correntes de afecto, coisa que afinal nos é vital...
Eeeeeuuu, Cristina? (risos)
Que desconversa pegada que aqui vai... :) :)
Sim, sim, Mike; até disse que sabia não levarmos a mal- e não levamos, apesar de não ser Carnaval :) :)
Pronto, senti-me nostálgico. Lá onde se desconversa... (sorriso trocista)
Vou já lá a correr- antes mesmo de tocar o sino :) :)
Tem graça, já escrevi sobre isto: acho mesmo que os blogues cumprem a função das antigas tertúlias dos cafés, aglutinando afinidades. E sem as barreiras do físico, o que não é completamente mau porque não inferioriza ninguém. Embora não chegue, claro, ao prazer de ter à frente a pessoa com quem se fala, olhos nos olhos...
Beijinho, Crisrtina
Querida Cristina, brilhante este abordar :) e concordo consigo, não há virtualismo algum que substitua a mesa do cafe, ou o sofá em dias de inverno frente à lareira, rodeados dos nossos amigos ou família em amenas cavaqueiras ou disparates.
A meu ver quem pensa que a net pode substituir o que quer que seja no contacto olho no olho, mão na mão e gargalhada audível em vez de escrita .. engana-se.
Mas isso .. é a minha simples opinião e vale o que vale :)
Não discordo contudo que este meio de comunicar nos traz pessoas, empatias, antipatias, amizades, mas que lhe falta o "sumo" de que fala, falta :)
Beijinho .. gostei de ler *
Também acho, Ana- se acho!- que este meio vem cumprir um bocado essa falta; então para quem está longe das pessoas com quem descobre ter afinidades...; claro que tem as suas limitações, mas é uma bênção.
Beijinho
Obrigada, querida Once.
Essa barreira é inegável, e os tais convívios de que fala são únicos...
Mas o ideal seria termo-los com as pessoas tão interessantes que aqui se encontram...; ouro sobre azul...
De outro modo nunca as encontraria...; e quando não se pode ter tudo...
Compreendo muitíssimo bem Tomaz de Figueiredo, quando dizia que gostava muito de Valdevez, mas não podia passar sem ir a Lisboa tertuliar com os amigos, com os quais partilhava interesses...
Claro, Cristina, e a net não pretende substituir a família e os amigos. Mas é uma forma de manter um contacto chegado com pessoas que estão longe de nós, como por exemplo bons amigos que tenho no Brasil. E de conhecer algumas pessoas interessantes que, de outro modo, nunca conheceríamos. Passaríamos bem sem elas? Claro que sim, mas seríamos mais pobres!
Braga é uma cidade do café. Das gratas recordações que guardo, de quando lá estudei, foi o café Astória, ao lado do Viana. Hoje é um bar, completamente deformado da estrutura e do ambiente original. Que saudades daquelas Arcadas e do por-do-sol de verão, visto da esplanada de um daqueles cafés... obrigado por me ter feito viajar até esse tempo, Cristina
Pois, Ana. Não tenho a menor das dúvidas que este é um meio de aproximar pessoas, de encontrar gente interessante, que de outro modo nunca conheceríamos.
E então para quem está longe,é mesmo a tal bênção...
Nuno, o Astoria, como ele era há algum tempo...
Engraçado, porque a primeira vez que visitei o seu blogue( depois de um comentário que deixou no «Afinidades»), vi uma fotografia que aparentou ser da arcada, em Braga. Vi depois que se tratava de uma cidade espanhola...
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