sexta-feira, 30 de maio de 2008

"O Menino Jesus enganou-se"

Foi no Natal do ano em que começaram a cair-me os dentes de leite. No dia vinte e cinco de Dezembro esperávamos, ansiosos, pela autorização de entrarmos na cozinha, onde, na noite anterior, puséramos, cada um dos oito irmãos- a mais nova não havia ainda nascido-, o sapato no fogão de lenha.
A curiosidade dera-me asas, pelo que fui a primeira a chegar aos presentes: em cada um dos sapatos das quatro raparigas vi um fantoche; dos outros dois não guardo lembrança- apenas dos "protagonistas" do episódio:
No meu estava uma velha desdentada, e no de uma irmã mais nova uma princesa, com coroa, que logo cobicei. A troca foi feita em poucos segundos...
Quando a minha irmã pequena chegou, e viu o que lhe "coubera", disse, desconsolada: o Menino Jesus enganou-se; eu não sou a mais velha...

6 comentários:

O Réprobo disse...

Ahahahahaha!
Grande talento causídico, o da Mana. E a Cristina era uma peste à Moda Antiga! Mas enfim, tudo se desculpa, por já revelar dedicação à Monarquia.
Beijo

Cristina Ribeiro disse...

Olhe, Paulo, que durante muito tempo senti remorsos, e lembro-me de perguntar constantemente se ela não queria brincar com a "minha" princesa, de vestido azul e coroa dourada :)
Beijo

Luísa A. disse...

Querida Cristina, e como eram pesados os remorsos infantis! Acho que os meus sentimentos de culpa nunca me acabrunharam tanto como em criança. Não me lembro de alguma vez ter feito dessas tão apetecidas trocas – os meus irmãos eram mais finos do que eu – mas lembro-me de me ter envolvido nalgumas rixas pela posse dos brinquedos deles. Das quais só nunca me arrependi porque nunca saí vencedora. :-)

cristina ribeiro disse...

Será fácil à Luísa calcular a quantidade de "casos" que havia lá em casa com tantos, e todos de idade aproximada: penso que se não houvesse uma disputa, pelo menos, por dia, os pais estranhariam :)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

:-)

está boa, essa!!

Eu lembro que o meu tio que era padre, espalhava brinquedos pelo corredor até à lareira, para depois dizer " que Menino tão desastrado, levava o saco do tão cheio que deixou cair coisas pelo caminho"

Mas a minha irmã tinha sempre melhores prendas que eu,ela escrevia carta à Sagrada Familia toda a pedir o que queria :-))

Cristina Ribeiro disse...

Não estava mal pensado, não senhor, logo três :)