domingo, 6 de julho de 2008

O "Poeta do Lima"

«Aristocrata e barbara. Pequena, mas encantadora.(...) A villa é uma formosura, para quem a vê da ponte, emmoldurada como está em collinas de vegetação(...); alegre, sem ser garrida, um vago tom de melancholia pantheista na sua singeleza de linhas»
«O Minho Pittoresco»

Princípios de Verão, não dispenso uma tarde nas margens daquele que foi a grande inspiração do nosso poeta quinhentista, que privou entre outros, com Camões, Sá de Miranda e António Ferreira:«Diogo Bernardes, o príncipe da poesia pastoril(...). Amigo de D. Sebastião, levou-o consigo o príncipe à jornada d'Africa, para que o poeta cantasse a temeraria empreza. Esteve na batalha de Alcacerquibir, onde ficou prisioneiro dos mouros; resgatado como tantos outros, veio na patria exercer o modesto cargo de "moço de toalha", e com esses recursos viveu até ao dia da sua morte em 30 de Agosto de 1595. Bucolico primoroso, ou não lhe correra a infância na santa paz suave d'esta natureza louçã, a sua poesia é a mais bella descripção do rio, que tão celebrado tem sido nas lyras maviosas dos poetas peninsulares»


O rio que verás tão socegado,
Que te parecerá que se arrepende
De levar água doce ao mar salgado


Inserido numa escola mais vasta, da qual ressalta o nome de Petrarca, o autor de «Varias Rimas ao Bom Jesus», «Flores do Lima» e «O Lima», exprime o seu sentir poético em éclogas, sonetos, cartas e canções de sabor bem ao seu tempo- o de Homem do Renascimento.
Lê-se no Dicionário de Literatura: «Poeta do Lima se lhe chama, porque sendo natural e vivendo muito tempo na ribeira do Lima, cantou particularmente aquele rio, mas não foi só o Lima(...). o Tejo, o Douro, o Mondego, o Leça, o Vez...
O que porventura melhor distingue Diogo Bernardes é a melancolia vaga e doce, um pouco à Bernardim(...); a profunda religiosidade que o aproxima às vezes do poeta seu irmão Frei Agostinho da Cruz».

4 comentários:

O Réprobo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
O Réprobo disse...

Tenho-lhe as obras e gosto muito. Nuno Beja dava a cor predominante do rio por ele cantado como verde. É verdade?
Beijo, Querida Cristina

Cristina Ribeiro disse...

Paulo, veja a fotografia mais abaixo, e verá que está coberto de razão. Mas quem é Nuno Beja? Deveria saber?
Beijo

Anónimo disse...

Mas, que imensa maravilha.
Cristina, creio já ter dito isso, não talvez com estas palavras, mas o significado era este mesmo: tudo que faz tem um toque tão seu e tão especialmente encantador...
Que magnífico Poeta! Obrigada.

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Estou a colocar um poeta nosso, não sei se tão conhecido por cá, mas de quem gosto muito.
É para si e para nosso Amigo Réprobo.

A Ana já conhece (e como) de certeza.
Beijos à menina

Da Meg