sexta-feira, 25 de julho de 2008

Viagem inesperada.

Monte de Santiago,

nas faldas da Falperra.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Com a devida vénia,

reproduzo aqui as sábias palavras de Padre António Vieira, que encontrei na página pessoal de Nuno Resende, e que muito me impressionaram

Nós somos o que fazemos.
O que não se faz não existe.
Portanto, só existimos nos dias em que fazemos.
Nos dias em que não fazemos apenas duramos

Porque

tomo como boa a sugestão de João Marchante, encomendei agora mesmo o livro de Agustina, Camilo-Génio e Figura


para o fim-de-semana, à sombra da catalpa...

Há festa na aldeia


Hoje Santa Cristina de Longos celebra o Dia da Padroeira.
É o ponto de partida para uma longa série de festejos populares, que só terminam em finais de Agosto, quando os emigrantes, que já cá estão todos, a passar férias, regressam aos países onde trabalham...
Amanhã festeja-se Santiago, na Terça-Feira Santa Marta...; mas no intervalo de cada festa é fácil arranjar pretextos para pôr o Rancho Folclórico a dançar, os homens a cantar ao desafio, as sardinhas a assar, os ajuntamentos nas sombras da Falperra...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O lugar de todos os encontros

Há já muito tempo que não vou à Brasileira de Braga. Quando lá estou, vou a um dos cafés perto de casa, ou, quando no Centro, ao Vianna, onde posso tomar, também, um bom sumo de laranja.
Mas muitas foram as vezes que lá me encontrei com amigos, para, principalmente nas noites de Verão, actualizarmos o que ficara por dizer: isto vem a propósito do telefonema que recebi há bocado de uma amiga, encarregada de reunir as hostes para que no fim-de-semana todos acudam ao chamado.
E pensei na falta que faz nos dias de hoje aquela tertúlia, animada por espíritos superiores, de que tenho notícia nos livros que vou lendo, nas histórias que vou ouvindo; e lembro aquele passo de Steiner que diz ser a Europa «feita de cafetarias, de cafés (que) vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa»...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Como poderia?

Hoje, um meu irmão perguntou-me se eu tinha dúvidas de que aqui no Vale do Ave, mas também em todo o País, muitas empresas não reabrirão depois das férias. Que não...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Na fronteira com a Escócia, também,

mas no Nordeste da Inglaterra, fui encontrar, num dia com nuvens a ameaçarem chuva, a cidade de Durham, capital do Condado do mesmo nome.
Cidade pequena, cheia de pontos de visita obrigatória. Destes guardei, acima de tantos outros, dois: o Castelo e a Catedral normandos, ambos implantados em cenário de beleza transbordante.
Ambos classificados de Património Mundial, mas quer a visão, quer a visita posterior da Catedral foram-me mais impressivas. Interior e claustro belíssimos, colunatas memoráveis, vitrais que, sem serem tão afamados como os da de York, porque menos luminosos, talvez, possuem uma beleza discreta.
Nela chamou-me logo a atenção um túmulo, que se destacava de todos os outros: do Venerável Bede-alguém importante, decerto...
Soube então ter sido um monge beneditino, do século VII, no antigo reino da Nortúmbria, expoente de erudição, à época, tendo alcançado a auréola de sábio em várias áreas do saber: da literatura à história, da música à filosofia...
A sua virtuosidade era tal, que, no século XIX, o Papa Leão XIII o confirmou Doutor da Igreja Católica.

Caía uma chuva miudinha quando me dirigi para o Castelo, também ele grandioso...

domingo, 20 de julho de 2008

«Ficar a ver navios»

Só este fim-de-semana soube a origem desta expressão: quando, no dia um de Dezembro de 1807- tal como prometera a Napoleão: "V. Majestade quer que eu esteja em Lisboa no dia 1; lá estarei"- Junot entra em Lisboa, já a Corte de Portugal partira para o Brasil, no dia anterior, pelo que ele ficou a vê-los ao longe, fora de alcance, não podendo, assim, cumprir a primeira missão que lhe fora confiada- a de prender e depor a Rainha e o Príncipe Regente.

Porque



hoje é Domingo, e merecemos dose dupla.

(que no fundo é tripla, porque a de ontem ainda está " num ecrã perto de si").


Ah! sei bem que todos os dias são poucos para festejarmos a amizade, mas pronto, este é um "miminho" especial para as amigas da blogosfera.

sábado, 19 de julho de 2008

Programa para esta noite.

Ir até África, deliciar-me com tudo o que Sydney Pollack nos deu a ver, enquanto tento esquecer as barbaridades que, soube agora, o nosso Primeiro anda por lá a espalhar...

Há pouco,

quando fazia uma busca no google, "vi" (de pintor de Cascais? ) a minha praia. A Ver-o-Mar é assim, a partir de meados de Setembro: calma, e sem aquele calor agressivo- uma roupa leve, e no fim de tarde um casaco de algodão...
Uma praia linda, com esse pedaço de areia a entrar mar adentro.
Vista do alto, a baía é igual à que vejo nas fotografias do Rio de Janeiro, baía que à noite ganha uma beleza singular.

P,S, Enquanto não volta a calma e silêncio à praia, acabo de tomar o primeiro banho na piscina deste ano: delicious!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Amanhã vou ver,

mas já tenho o catálogo.
Leio na introdução «Um dos traços mais marcantes do modo de ser das gentes de Guimarães reside na maneira generosa e arrebatada que os vimaranenses sempre colocam nos empreendimentos colectivos em que se envolvem, em especial quando estão em causa as bases da sua própria identidade comunitária(...) desde aqueles tempos remotos em que se lançaram os fundamentos da construção de Portugal(...)
É do lado da história que, inegavelmente, se posicionam os actos praticados pelos vimaranenses no ano de 1808, aquando da "feliz restauração" do Príncipe Regente D. João, num acto de resistência contra o invasor francês» (António Amaro das Neves, Presidente da Sociedade Martins Sarmento).

Este o espírito que resistiu à passagem dos séculos; sempre que esteve em causa bater o pé ao estrangeiro, a luta pela nossa independência, os vimaranenses estiveram lá...

Sabe-se que uma imagem

pode valer por mil palavras, Paulo, e porque tudo me diz que, diga o que disser, será muito pouco...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Má visibilidade :)

«A FELICIDADE NÃO É
A AUSÊNCIA DE CONFLITO
E SIM A HABILIDADE DE LIDAR COM ELE
UMA PESSOA FELIZ
NÃO TEM
O MELHOR DE TUDO
MAS ELA TORNA
TUDO MELHOR»

Só porque me apeteceu...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Relembrando,

com as minhas irmãs, os passeios de comboio que fazíamos, durante as férias grandes, pelo Alto Minho, partindo da pequena estação de Valença, lembrei a vez em que passámos o dia em Monção, e, sabendo-se já que as memórias se ligam entre si numa associação sem quaisquer entraves, recordei que há tempos, quando se falava de Almeida, o Paulo se perguntava se não seria daí a "Joana d'Arc portuguesa", que, segundo a lenda, terá enganado os inimigos, que faziam cerco à praça, fazendo-os crer que os sitiados gozavam de uma abundância de mantimentos tal que os permitiria enfrentar o assédio sem privações.
Não sei se o caso se terá repetido noutras fortalezas, mas , dada, além do mais, a proximidade geográfica, retive desde sempre o acto de heroísmo da mulher do alcaide de Monção, Deuladeu Martins, quando esta vila foi atacada pelos castelhanos:
«Na guerra entre D. Fernando de Portugal e Henrique II de Castela, a mulher do capitão-mor Vasco Gomes de Abreu, fez levantar o assédio da praça, quasi exhausta de recursos, tomando o expediente de fabricar com a única farinha que possuía , alguns poucos pães, que arrogantemente foi atirar para fora das muralhas, dizendo aos inimigos: "a vós, que não podendo conquistar-nos pela força das armas, nos haveis querido render pela fome, nós, mais humanos e porque, graças a Deus, nos achamos bem providos, vendo que não estaes fartos vos enviamos esse socorro, e vos daremos mais, se o pedirdes"

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Jóias da blogosfera

Depois de ter lido os dois últimos postais desse blogue, que vejo como de verdadeiro serviço público, ultrapassando em muito o que a Guimarães respeita- muito do que aí se lê é de Portugal, da História de Portugal, e da sua cultura, que se trata- impõe-se o recomendar Memórias de Araduca.

Os piqueniques no Gerês.

Os nossos pais conheciam-se desde os tempos da JOC. Também eram muitos irmãos, de idades idênticas às nossas.
Ao domingo a mãe levantava-se muito cedo para fazer o arroz de vitela que haveria de chegar para todos.
Tudo pronto para a partida, só faltava embrulhar o tacho em jornais, para lhe manter o calor.
Rumávamos ao Gerês, onde o senhor Marques iniciava os meus irmãos na arte da pesca, em que ele era mestre...
Foi por essa altura que nos ensinou a cantar

Portugal é nosso,
E nós temos obrigação
De o conhecer,
Porque de Norte a Sul
Muito tem que ver

domingo, 13 de julho de 2008

Quando a dezassete de Julho

de 1843, e depois de ter citado Maistre, Garrett entrou num vapor com destino a Santarém, estava a escrever as primeiras páginas de um livro que, muitos e muitos anos depois, me iria atrair a atenção não tanto pelas digressões várias que aí se narram, mas porque queria saber da história da menina dos rouxinóis.
Com efeito, da primeira vez que contactei com «Viagens na Minha Terra», teria talvez doze anos, apenas o romance de Carlos e Joaninha me cativou; só uns anos mais tarde, com o livro a integrar as leituras previstas pelo programa da disciplina de português, me debruçaria interessadamente sobre tudo o mais que o escritor tinha para nos dizer, e foi muito fácil perder-me entre aquelas divagações...

sábado, 12 de julho de 2008

A ler,

no Idolatrica, o quão pouco se valorizou entre os portugueses o facto de uma criação dos "nossos egrégios avós", Malaca, ter sido elevada a Património Mundial.

Uma frase desesperançada,

de Camilo Castelo Branco, lida no Obliviário- « Que me importa o futuro? Dos homens nada espero. Além dos homens está o dormir dos séculos»- faz~me tirar da estante«Memórias Póstumas de Brás Cubas», para reler um trecho em que a Natureza ou Pandora, "mãe e inimiga", pois que no simples facto de se viver já ela declara inimizade, faz o protagonista "ver os séculos a passarem, velozes e turbulentos(...), cada um com a sua porção de sombra e de luz, de apatia e de combate, de verdade e de erro".

De António Manuel Couto Viana

Pedi ao Farol da Guia
Pra que a nau não naufragasse
Na noite que for o dia
Que fosse luz e a guiasse

E pedi mais:
Que baloiçasse no ar
Os sinais
Do tufão que vai chegar
Pra que ao abrigo do cais
A nau achasse lugar

E o primeiro farol
De aviso à navegação
Do mundo onde nasce o Sol
Não me disse sim nem não

Mas a âncora ancorada
Como fanal de bonança
Entre os muros da esplanada
Disse, sem me dizer nada
- Tem esperança!

Porque urge o tempo,

porque navegar é preciso, à bolina, contra os ventos fortes que já há muito rasgam as velas desta embarcação que é mister fortalecer, porque nunca o monstro esteve tão perto de ganhar o mar que não é dele.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Estado da Nação


E um outro Homem do Leme, que faça frente ao Mostrengo, não?

Penha revisited

Naquele Sábado de Junho ia fazer uma visita ao meu passado de "rapariga do liceu". O dia começou cheio de sol, e eu queria ir à Penha, que, nesses anos, sempre foi sinónimo de vida boa.
Mal começava o bom tempo, era lá que assentávamos arraiais, em acampamentos que eram a nossa alegria.
Todos os motivos eram bons para improvisar aquelas festas em que a música dava o mote. Procurei, mas não encontrei, a árvore em que , à vez, enquanto os outros dançavam, os rapazes fixaram o dia da festinha do último dia do Liceu.
Foi muito fácil reconhecer essa Penha, a tal dos anos dourados!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Depois de ter falado no Rio Ave,


li, num livro infantil, duma sobrinha, da lenda que lhe originou o nome, bem como o da serra onde nasce.
Ao passar pela serra de Agra, nas cercanias de Vieira do Minho, um cavaleiro apaixonou-se por uma pastora, que aí pastoreava cabras. Mas, depois de viverem dias de intenso romance, o cavaleiro teve de se ausentar. As lágrimas que a enamorada começou nesse dia a verter depressa formaram um caudal imenso, tanto mais que o cavaleiro tardava.
Desejou a pastora ser ave, para ir ao seu encontro, e Ave passou a ser o rio causado pelo seu pranto; da Cabreira, a Serra que assistira ao enlevo e ao desencanto...

«Se sonhar um pouco


é perigoso, a solução não é sonhar menos, e sim sonhar mais»
(Marcel Proust-nascido num dia 10 de Julho)

Sei que o calendário



protesta estarmos já nos meados do Verão; mas então o céu deveria espelhar um luar magnificente e estar cheiinho de estrelas; mas não- está assim, como breu.
Há pouco, ao descer a Falperra, ainda vislumbrei a lua, na fase crescente, mas agora nada!
E são as noites mornas aquilo de que mais gosto no Verão.Tive mesmo de vestir um casaco, de algodão fino, é certo, mas não é normal que assim seja. E para amanhã prevê-se ainda pior.
Já é Verão, mesmo?

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Porque quero pôr mais uma pedra

na ponte que se está a construir entre "Chicólatras" dos dois lados do Atlântico, a minha contribuição- sem música, pelo que vão ter de a ouvir nas vossas cabeças,- a letra de uma canção dele, que gosto muito de ouvir na voz de Maria Bethânia

Amando noites afora
Fazendo a cama sobre os jornais
Um pouco jogados fora
Um pouco sábios demais

Esparramados no mundo
Molhamos o mundo com delícias
As nossas peles retintas de notícias

Amando noites a fio
Tramando coisas sobre os jornais
Fazendo entornar um rio
E arder os canaviais

Das páginas flageladas
Sorrimos, mãos dadas, e inocentes
Lavamos os nossos sexos nas enchentes

Amando noites a fundo
Tendo jornais como cobertor
Podemos abalar o mundo
No embalo do nosso amor

No ardor de tantos abraços
Caíram palácios
Ruiu um império
Os nossos olhos vidrados
De mistério

Verdade,

João. Tudo se interliga. Usando um lugar bem comum: é como as cerejas.

Mas como o chá

não surtiu efeito, ouvir isto, executado por«Le Concert des Nations», sugerido pela Viola de Gamba, ouvida n'O Jansenista será que não me vai despertar ainda mais os sentidos? Céptica...

Ainda pensei,


por segundos só, entreter a insónia que se adivinha com um ou dois daqueles gin tónicos que saboreei, calmamente, no Peter's; mas logo reflecti "nã, vais agravá-la; salta para a cozinha fazer um cházinho vermelho ou pôr à prova a panaceia calmante de que ouves falar desde pequena, um chá de cidreira, e deixa-te de tretas"...

terça-feira, 8 de julho de 2008

O rio Ave

Tenho para mim que o rio é a maior das muitas maravilhas em que a Natureza é tão pródiga: ver a água correr para o mar, por vezes numa lentidão feita calmaria, doutras numa urgência tal que o seu curso é semeado de remoinhos vorazes.
As margens sempre luxuriantes e convidativas...
Não, não encontro cenário mais aprazível!

Assim é o Rio Ave, tão vário ao longo de um leito que o leva desde a nascente na Serra da Cabreira, até que encontra o mar,junto de Vila do Conde.
É este rio que conheço desde pequena, por fazer da terra onde nasci um dos seus lugares de passagem. Habituei-me, pois, a vê-lo transbordar no Inverno, de maneira a cobrir totalmente a ponte romana que liga as duas margens, e a surgir aos nossos olhos pouco mais do que um riacho no Verão, quando aquela é avistada em todo o esplendor de pedra antiga.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Postais antigos-Machado de Assis

Que Stendhal confessasse haver escrito um dos seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará, é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal"...

Inicia assim o primeiro livro que li de Machado de Assis, «Memórias Póstumas de Brás Cubas»; seguiu-se «Quincas Borba», e, muito recentemente, «Memorial de Aires».
Sobre o escritor brasileiro escreveu José Osório de Oliveira: "Foi um autodidacta, que se formou na Biblioteca do Gabinete Português de Leitura(...), viveu sempre longe dos grandes centros de civilização literária, prodigalizou-se em colaborações jornalísticas, e, já na fase de maturidade, passou a ser, e ainda hoje é, o mais original escritor do seu país, tendo a sua obra sido marcada pela quase ferina análise da alma humana".
Autor de vários títulos, universalmente reconhecidos, como atestam as numerosas traduções das suas obras mais representativas, "por dois factos, além daquele primordial, que é a pureza da linguagem, está Machado de Assis indissoluvelmente ligado à literatura portuguesa: a influência que sofreu de Garrett, do qual colheu a lição de sobriedade, clareza e ática elegância, e a que, como crítico, exerceu sobre Eça de Queirós, pois que, moralista, e com uma, embora contida, concepção dramática da vida, ao analisar «O Crime do Padre Amaro», apontou-lhe como grande defeito, o facto de parecer comprazer-se na pintura de um caso de amoralidade".
Esta crítica terá calado fundo no espírito do escritor português...

domingo, 6 de julho de 2008

Sei que, com o seu espírito


de coleccionador, Paulo, terá já conhecimento deste postal.
Mas não resisti a postá-lo, por o ter encontrado, inesperadamente, num livro que em nada se relaciona com o Estoril.
Nem sei sequer se este Hotel Atlântico existe ainda.

«Parece que dizes

Te amo, Maria,
Na fotografia estamos felizes
...................................................
Parece bolero
Te quero, te quero...



*Dedicado a uma chicólatra; uma voz desse lado do Atlântico, que por cá também é muito acarinhada.

O "Poeta do Lima"

«Aristocrata e barbara. Pequena, mas encantadora.(...) A villa é uma formosura, para quem a vê da ponte, emmoldurada como está em collinas de vegetação(...); alegre, sem ser garrida, um vago tom de melancholia pantheista na sua singeleza de linhas»
«O Minho Pittoresco»

Princípios de Verão, não dispenso uma tarde nas margens daquele que foi a grande inspiração do nosso poeta quinhentista, que privou entre outros, com Camões, Sá de Miranda e António Ferreira:«Diogo Bernardes, o príncipe da poesia pastoril(...). Amigo de D. Sebastião, levou-o consigo o príncipe à jornada d'Africa, para que o poeta cantasse a temeraria empreza. Esteve na batalha de Alcacerquibir, onde ficou prisioneiro dos mouros; resgatado como tantos outros, veio na patria exercer o modesto cargo de "moço de toalha", e com esses recursos viveu até ao dia da sua morte em 30 de Agosto de 1595. Bucolico primoroso, ou não lhe correra a infância na santa paz suave d'esta natureza louçã, a sua poesia é a mais bella descripção do rio, que tão celebrado tem sido nas lyras maviosas dos poetas peninsulares»


O rio que verás tão socegado,
Que te parecerá que se arrepende
De levar água doce ao mar salgado


Inserido numa escola mais vasta, da qual ressalta o nome de Petrarca, o autor de «Varias Rimas ao Bom Jesus», «Flores do Lima» e «O Lima», exprime o seu sentir poético em éclogas, sonetos, cartas e canções de sabor bem ao seu tempo- o de Homem do Renascimento.
Lê-se no Dicionário de Literatura: «Poeta do Lima se lhe chama, porque sendo natural e vivendo muito tempo na ribeira do Lima, cantou particularmente aquele rio, mas não foi só o Lima(...). o Tejo, o Douro, o Mondego, o Leça, o Vez...
O que porventura melhor distingue Diogo Bernardes é a melancolia vaga e doce, um pouco à Bernardim(...); a profunda religiosidade que o aproxima às vezes do poeta seu irmão Frei Agostinho da Cruz».

sábado, 5 de julho de 2008

«A gente era obrigado a ser feliz,

Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido»

Para o Zé João,

sobrinho vitoriano ferrenho, que hoje faz onze anos.
E porque sempre gostaste dos livros que te dei: enquanto não sabias ler, pedias aos teus pais que o fizessem por ti; logo que soubeste juntar as letras, e compreender o significado das palavras, começaste a devorá-los. Esse facto contribuiu, certamente, para que hoje sejas o bom aluno que és, sabendo eu que as excelentes notas que te foram atribuídas espelham um saber seguro, que vens cimentando desde a Primeira Classe.
Parabéns.
Beijinhos

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Por terras da Ribeira Lima


Identificado pelos romanos, mormente por Plínio, O Moço, na sua «História Natural» , como o rio do esquecimento, por ser sítio de beleza tal que qualquer ser humano que o contemplasse tudo o mais esquecia, já os gregos o situavam nos Campos Elísios, paraíso só acessível aos olhos dos bem aventurados, queridos dos deuses.
N'«O Minho Pittoresco», escreve José Augusto Vieira: "Elles foram talvez os que à Ribeira deram o nome de País dos Límicos e que formaram a lenda do Lethes mythologico e dos Campos Elíseos, julgando, pelas impressões da sua alma poetica, ser aqui o logar proprio para esquecer todos os outros do mundo, decerto porque todo o prazer que nos delicia é como um copo de bom vinho que nos embriaga os sentidos(...) A gente esquece-se no embevecimento d'aquella natureza sadia, como um namorado se pode esquecer diante do sorriso da mulher amada."

O mesmo escrevera já Diogo Bernardes: "Junto ao Lima, claro e fresco rio,
Que Lethes se chamou antigamente"

...porque quando os olho




me apetece cantarolar «What a Wonderful World»...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Mãe Coragem

A leitura deste

Saudades de uma rainha e de um príncipe

lembrou-me que tinha de falar da Mulher d'armas que sempre foi a minha mãe.
Quando solteira, e apesar de ter feito desse um tempo que gosta de recordar, sempre com muita saudade, teve uma vida difícil, como segunda rapariga num rancho de irmãos, quase todos rapazes mais velhos: cedo teve de se fazer adulta, conservando no entanto a frescura e alegria com que sempre enfrentou as adversidades; morando a poucos metros da Escola Primária, não lhe foi permitido ir além da 3ªClasse, porque o trabalho que tinha em casa não deixou.

Casada, bem depressa teve de tomar conta de uma família que se fez numerosa; era uma época em que por cá não se falava ainda em infantários- só ao sétimo filho pôde contar com essa ajuda.
E ao trabalho de ser mãe de tão grande prole- conta que quando queria levar-nos a algum lado, uma vez acabado de preparar o último, tinha de recomeçar, porque o primeiro se sujara entretanto-, teve ainda de juntar o seu esforço ao do meu pai para nos garantir uma vida confortável: era uma época em que, acabado o serviço militar, o meu pai se aventurou a "estabelecer-se por conta própria", e, mais uma vez, foi fundamental o trabalho feminino: no Inverno, por exemplo, levantava-se muito cedo para fazer o café que iria aquecer os empregados, aos quais se juntava a seguir, enquanto os filhos dormíam...

Agora, numa altura em que há muito tempo somos todos adultos, continua a mãe galinha, que não adormece sem primeiro fazer "a ronda" telefónica.

Dona de uma energia invejável, aos setenta e cinco anos ninguém lhe fale em reforma; continua a ser o elemento fundamental na fábrica que ajudou a erguer!
Além de que é um exemplo para todos nós: em Dezembro foi-lhe detectado um problema de saúde que a levou a uma cirurgia muito delicada- pois passado um mês lá estava no seu posto de trabalho...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Querida Once,

Foram já tantas as vezes que senti a claustrofobia, aquela sensação de não termos saída, porque as tais portas se me cerraram, deixando tudo escuro!
E algumas vezes essa sensação foi tão pesada...; mas, sempre, até hoje, sobreveio, em cada uma delas, uma ventania, que bastou para entreabrir uma janela; claro que tive depois de me esforçar para escancará-la, e até que o vento começasse a soprar tive de ir ao fundo de mim buscar forças, que não sabia estarem lá, para suportar a escuridão.
Depois, já com a janela entreaberta, tive de agarrar as cordas que encontrei, para sair do fundo escuro; e embora essas cordas não fossem visíveis a um primeiro olhar, o importante é que elas estavam lá e as encontrei...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Naquele fim-de-semana

esticado por via do feriado do 1º de Dezembro, foram várias as aldeias históricas visitadas, mas a visita a Castelo Rodrigo foi a mais impressiva.

Começámos por olhar as ruínas do palácio de Cristóvão de Moura, feito conde e Senhor da terra por Filipe II, como paga da lealdade à coroa castelhana, mas que o povo, logo que teve notícia da Restauração, na pessoa de D. João IV, destruiu quase totalmente, para depois percorrermos aquelas ruas solitárias que conduzem ao Castelo, mandado erigir por D. Dinis após a celebração do Tratado de Alcanizes.
Apreciámos então o monumento que evoca a Batalha de Salgadela, no ano de 1664, decisiva para a defesa de toda aquela região, e na qual se destacou o governador militar da Beira, Pedro Jacques de Magalhães.
Junto da Igreja Matriz, admirámos o belíssimo Pelourinho Manuelino, aí construído quando D. Manuel I mandou reedificar as muralhas.

Mas, a partir do século XVII, a aldeia iria perder a sua importância, a favor da vizinha Vila de Figueira...

...e a poucos quilómetros

encontrámos o Convento de Santa Maria de Aguiar, que integra no seu conjunto uma muito bem preservada Igreja, evidenciando a austeridade quer da Ordem Beneditina, à qual começou por pertencer, quer da Ordem de Cister, onde se incluiu depois.
Muito perto, deparámos com um bonito edifício, de colunas em pedra, do qual sobressai um brasão com as armas da Ordem fundada por S. Bernardo de Claraval, onde se hospedavam os peregrinos que ali acorriam.