segunda-feira, 26 de maio de 2008

«Povo que lavas no rio»

No seguimento duma animada conversa com a Júlia, na caixa de comentários, sobre a barrela da roupa no rio, lembro as histórias que a minha mãe conta: essa era uma ocasião pela qual tanto ela como as amigas ansiavam, pois era nessa altura, enquanto a roupa, já lavada, corava ao sol, que namoravam.
Enquanto elas lavavam, os rapazes conversavam entre eles, mas logo que estendessem a roupa na erva, desciam até junto das lavadeiras, e aí ficavam, até que o sol começava a desaparecer...
"Ai não dávamos ponto sem nó" diz; "agora vocês não sabem divertir-se..."

4 comentários:

O Réprobo disse...

Querida Cristina,
belo pormenor, que de todo desconhecia. Uma versão muito melhorada do "serviço é serviço, cognac é cognac".
E a Mãe da Cristina tem razão, a indiferenciação do tempo, como as mudanças do código de conduta, sob a aparência de abrir caminhos, prejudicaram a intensidade do despertar do Desejo, o que será das mais cruciantes transfigurações da Inocência.
Beijo

Cristina Ribeiro disse...

É o chamado dois em um, sem que o folguedo prejudicasse, de modo nenhum, a brancura da roupa :)
Beijo

Luísa A. disse...

Acho muito giras as memórias dos nossos pais, querida Cristina. São de um tempo que não é muito distante – apesar de tão diferente – mas que se fez um pouco nosso, também, através do cinema. E a propósito, tenho de fazer nova revisão aos filmes do António Silva. :-)

Cristina Ribeiro disse...

A minha mãe tem um bocado da senhora do Gerês que, com as suas histórias, convencia o Paulo a comer sopa :) - gosto de a ouvir contar esses episódios, não tão distantes como isso, como diz a Luísa, mas ao mesmo tempo tão diferentes...